terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Crítica: "Amour"

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 Com o passar do tempo todos crescemos, envelhecemos, adoecemos, e bem, acabamos todos por morrer. Amour é um filme francês que ganhou o prémio Palma de Ouro, e de momento está nomeado para os Globos de Ouro, a realizar a 13 de Janeiro do próximo ano.



 Georges e Anne são um casal de aposentados, que costumava dar aulas de música. Eles têm uma filha musicista que vive com a família no estrangeiro. Certo dia, Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por graves obstáculos, que colocarão o seu amor em teste.


 Deste soberbo elenco, com apenas duas personagens principais, mas no entanto com uma surpreendente e inesperada representação figurativa de Rita Blanco. Pois é, os meus olhos nem quiseram acreditar no que tinham diante si naquele momento, e os meus ouvidos ficaram deliciados com o espantoso sotaque francês expresso pela actriz. Este filme tem uma história de alto interesse. A sério, é bastante interessante. É um filme com um estilo totalmente francês, onde por vezes é capaz de se tornar entediante a quem está habituado a filmes cheios de acção, e que nunca se focam demasiado num só lugar.



 Jean-Louis Trintignant interpreta o papel de Georges. Um homem na casa dos oitenta, muito lutador que faz de tudo para ajudar a sua esposa. Um papel de facto muito bem protagonizado, e que nos dá uma moral ou até mesmo um incentivo de vida. Que é coisa que nos deixa agarrados ao ecrã e não deixa o filme tornar-se aborrecido, porque estamos sempre à espera do que vai acontecer na sua próxima luta. Relembro-vos que estou a falar de um romance, por isso a próxima jogada nunca será nada de excessivo ou deslumbrante. Emmanuelle Riva no papel de Anne, tem aqui uma interpretação de forte destaque. Uma boa protagonização, cuja personagem encontra-se com um lema de vida paradoxal ao do seu esposo Georges. É uma representação deslumbrante que nos deixa delirados, pela tão boa interpretação de tão difícil temática. Não sendo eu actriz, vou apenas presumir como espectadora que este papel seja de difícil protagonização, e que acredito que tenha sido difícil representar tamanha personagem, de forma a parecer tão real. Anne é uma personagem que não nos dá qualquer incentivo de vida, mas que nos deixa expectantes quanto ao progresso do seu estado físico e psicológico. Ficamos sempre na esperança de uma melhoria, ou a pensar como se desenvolverá aquela doença até à sua morte.



 Neste filme não somos deliciados pela belíssima paisagem de Paris, até pelo contrário. Este filme passa-se somente no apartamento do casal, que tem uma decoração à altura. Uma decoração com um estilo moderno (atenção, moderno no sentido de arte moderna, não de actual. Como nota acrescento que no actual século encontramo-nos na presença da arte contemporânea). Não sendo eu qualquer especialista em arte e decoração, o máximo que me cabe dizer é que a decoração do apartamento está adaptado à idade do casal, uma decoração que somos bem capaz de encontrar nas casas dos nossos avós, especialmente nas pequenas aldeias. Contudo não torna o cenário pouco ou nada interessante. Até pelo contrário, pois vai dar um ar diferente ao filme. Vai dar um ar um pouco pesado, de forma a compreendermos que a história que se desenrola não é propriamente a mais bela, mas sim a mais complicada de alguém viver. Constato ainda o facto de que este cenário vai ser influenciado pela mudança que vai decorrer com a meteorologia, o que vai dar um ar mais "provocador" ao desenrolar do filme.


 De toda uma banda sonora clássica, tudo o que somos capaz de distinguir é o piano. Pois é, não estamos presentes com uma banda sonora toda francesa, no sentido em que vai variar do estilo alegre ao mais triste. Não. Estamos diante uma banda sonora que é somente um estilo clássico, na sua maioria tocada por piano, o que vai ajudar com audácia ao desenrolar do filme, como vai ajudar-nos a compreender toda a história do filme. Esta vai ser acompanhada por um argumento de todo extenso. É um argumento acessível, com diálogos fáceis de entender, especialmente porque não são muitos.



 Um romance francês totalmente soberbo, pesado, mas fantástico que merece muito bem a sua nomeação para os Globos de Ouro. Relembro que Amour é um dos cinco filmes na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.


 Amour é um filme apaixonante e que me deixou de lágrimas nos olhos. Totalmente envolvente, embora que por vezes parado, mas compreensível tendo em conta o pouco conhecimento que tenho do cinema francês. É um filme algo complexado, e um pouco confuso no final, o que nos vai fazer com que tenhamos que estar com muita atenção a alguns pormenores. Merece a visualização de todos, especialmente a amantes do género.


4,5 estrelas em 5


Realizador: Michael Haneke


Argumento: Michael Haneke


Elenco: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert, entre outros.






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